sexta-feira, 9 de outubro de 2009

APRESENTAÇÃO

A exposição – por falta de termo que melhor se adeque – a que se dá palavra neste catálogo – idem quanto à nomenclatura – é um projecto comercial privado. Numa fase em que tanto se publicitam acções patrocinadas ou partilhadas pelas autoridades públicas, queda notório que ou não há tempo, ou interesse, para o desenvolvimento de outras actividades menos interessadas ou capazes de se assumirem como “blockbusters”, termo que do cinema se transferiu para tudo quanto à cultura diz respeito. O que se pretende aqui é apenas o endereçar de um convite a que se olhe para a produção portuguesa com tudo o que ela tem de seu: no bom, no mau e no idiossincrático, sendo disso caso.

A ilustração é um par menor da pintura, em termos de relevância pública e considerando-se o esquema tradicional de classificação, “tipo” Belas-Artes. Contudo e assumindo que é nela ou através dela que muito do que é produção gráfica passa de modo mais directo para o público não especializado, surge como quase inevitável dar-lhe destaque, quando para tal há ocasião. Tanto mais que dos livros que como suporte têm, em muitos casos vemos obras menores, comuns, não assumidas – em geral – nas colecções e catalogações bibliográficas de referência. Isso não lhes retira interesse mas não lhes configura visibilidade.

Um outro impulso que procuramos, é o de contrapor quando possível, a obra-livro (especificando que os livros presentes são objectos de alfarrabista) e outras produções em série – como os selos – e a obra “em geral” – seja “quadro” ou peça escultórica – para que talvez, num próximo olhar, a configuração multiplicada em tiragens não desmereça na avaliação qualitativa. A falta de uma moldura não deveria traduzir-se na falta de valor (para lá do económico). Mas essa é uma opinião que cabe a outros confirmar ou rebater[1].

Graças à possibilidade fornecida pelo Fórum - Viseu, com a sua Casa das Artes, tentamos (porque um processo e não um termo finito) dar corpo a um princípio de percurso, que conduza ao levantamento sistemático das obras, dos artistas e das editoras (com suas colecções/séries) que viram na ilustração um elemento integral na obra-livro e complementar ao conteúdo da mesma.

Para o ponto em que nos encontramos, deve dizer-se que só foi possível graças à colaboração da Livraria Lumière, da Galeria Vera Cruz e da Contraluz. Parceiros desde a primeira hora.

Pelo Projecto Património,
Liliana Castilho
Rui Macário



[1] A exposição “Vinil – Gravações e Capas de Discos de Artistas”, que decorreu no Museu da Fundação de Serralves - Porto, entre 09 de Maio e 13 de Julho de 2008 (comissariada por Guy Schraenen), é um bom exemplo do apreço que os suportes não convencionais, para as obras gráficas, podem incitar.

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