sexta-feira, 9 de outubro de 2009

V – Um Mundo de Imagens.

Tratou-se, nas páginas anteriores, daquilo que é o âmago desta mostra/exposição. Faltam algumas palavras finais.

Para lá do sistema elementar do “livro pobre” e da “cultura para as massas”, sempre houve e provavelmente sempre haverá outro tipo de edições, sejam obra literária ou periódicos, que consideram seu espaço o da divulgação e afirmação de um gosto mais apurado ou menos trivial. A revista Vértice, ou a Colóquio (na sua dupla vertente Artes e Letras; ou com apenas uma das duas dimensões), pugnaram pela construção de um espaço abrangente de ideias e realizações, literárias, artísticas (gráficas) e mesmo políticas. Não pretenderam o habitual, antes o excepcional. Mas foi nelas, que para muitos, pela primeira vez se trouxe a lume alguns nomes, palavras e imagens.

Quanto às editoras e suas colecções, nem sempre o popular serviu como foco. Bem pelo contrário. A tentativa de tradução e edição de obras até então inéditas em Portugal, operou um bypass a quem não possuía o empenho ou a disponibilidade suficientes para abordar temas e autores diferentes dos “best-sellers”. Nem por isso se perdeu o grafismo e nalguns casos, este é mesmo acentuado. Os anos de 1970 em diante confirmam essa leitura.

Por último, o que se vem fazendo. O assumir da qualidade e da capacidade ou interesse de cada vez mais públicos para a ligação ao referencial gráfico, conduziu a projectos editoriais extremamente vocacionados para a imagem. O conteúdo do livro tornou-se, em certa medida, um conjunto integrado de texto e ilustração/pintura/fotografia.

Não são o mesmo ilustrar de antes mas não deixam por isso de servir o seu propósito e de dar aos novos leitores algo mais. O tal enobrecer que subsiste. Para que disso possa afirmar-se que é apenas uma acção publicitária, será necessário reservar espaço noutras discussões e com outras valências. De todo em todo, o “Artista de Bolso” lá permanece, numa estante, numa mesa. Um múltiplo, talvez original (que ainda os há), disponível ao olhar.

Rui Macário[1]
Liliana Castilho[2]

[1] ANTROPODOMUS – Projecto Património / EMPÓRIO; Viseu
[2] ANTROPODOMUS – Projecto Património / EMPÓRIO; Viseu

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